Cid disse que Michelle e Eduardo Bolsonaro compunham ala mais radical da trama golpista
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Cid disse que Michelle e Eduardo Bolsonaro compunham ala mais radical da trama golpista
janeiro 27, 2025
A Ăntegra do depoimento de Cid, datada de 28 de agosto de 2023, foi obtida pelo colunista Elio Gaspari. Em novembro daquele ano, o UOL revelou que a delação de Cid apontava Michelle e Eduardo como incitadores do golpe

© Getty Images
Porto Velho, RO - Chefe da Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou no primeiro depoimento de sua colaboração premiada que a ala "mais radical" do grupo que defendia um golpe de Estado no Brasil no final de 2022 incluĂa a entĂŁo primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A Ăntegra do depoimento de Cid, datada de 28 de agosto de 2023, foi obtida pelo colunista Elio Gaspari. Em novembro daquele ano, o UOL revelou que a delação de Cid apontava Michelle e Eduardo como incitadores do golpe.
"Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado, afirmavam que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs [Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores] para dar o golpe", diz a transcrição do depoimento de Cid, que agora vem a público.
O relatĂłrio final da investigação da PolĂcia Federal sobre a trama golpista, concluĂdo em 21 de novembro de 2024 –ou seja, um ano e trĂŞs meses apĂłs o depoimento inicial de Cid–, nĂŁo traz Michelle nem Eduardo entre os 40 indiciados.
O nome da ex-primeira-dama nem Ă© mencionado no documento. Eduardo Ă© citado apenas de forma lateral, no contexto de que seu nome aparecia como contato no telefone celular de um dos investigados.
À época em que vazaram esses pontos da delação de Cid, Eduardo e Michelle negaram ao UOL envolvimento em ações pró-golpe.
As afirmações sĂŁo "absurdas e sem qualquer amparo na verdade", disse a defesa de Michelle Ă Ă©poca, acrescentando que Bolsonaro ou seus familiares "jamais estiveram conectados a movimentos que projetassem a ruptura institucional do paĂs". Eduardo disse que a delação de Cid nĂŁo passava de "devaneio" e "fantasia".
O relatório da PF está sob análise da Procuradoria-Geral da República, a quem cabe oferecer denúncia ao STF contra os 40 suspeitos ou arquivar os indiciamentos.
Michelle e Eduardo sĂŁo atualmente cotados para disputar a PresidĂŞncia em 2026, no lugar de Jair Bolsonaro, que está inelegĂvel atĂ© 2030.
No depoimento dado em agosto de 2023, Cid disse que havia trĂŞs grupos distintos em torno de Bolsonaro no final de 2022, momento em que o paĂs vivia com acampamentos de bolsonaristas em frente a quartĂ©is do ExĂ©rcito pedindo um golpe de Estado.
De acordo com o tenente-coronel, o primeiro trabalhava para convencĂŞ-lo a admitir a derrota e se tornar "o grande lĂder da oposição". Entre eles estariam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o comandante da Aeronáutica, Baptista JĂşnior, entre outros.
O segundo grupo, segundo Cid, nĂŁo concordava com os rumos que o paĂs estava tomando, mas tambĂ©m se colocava contra medidas de ruptura. Fariam parte dele, entre outros, o comandante do ExĂ©rcito, Freire Gomes.
Já o terceiro grupo, favorável a medidas golpistas, era formado por duas alas nas palavras de Cid. Uma "menos radical", que buscava encontrar indĂcios de fraudes nas urnas para justificar uma virada de mesa. Outra, mais radical, "a favor de um braço armado".
Esse grupo mais belicoso defendia assinatura de decretos de exceção, de acordo com ele.
No depoimento, Cid diz que essas pessoas "gostariam de alguma forma incentivar um golpe de Estado", queriam que Bolsonaro assinasse um decreto de exceção e "acreditavam que quando o presidente desse a ordem ele teria apoio do povo e dos CACs".
"Quanto a parte mais radical", prossegue o relato do depoimento de Cid feito pela PF, "não era um grupo organizado, eram pessoas que se encontravam com presidente, esporadicamente, com a intenção de exigir uma atuação mais contundente do então presidente".
Nessa ala, Cid cita nominalmente Felipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, que ocupou quatro ministérios na gestão Bolsonaro, Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, o general Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, e os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES), além de Eduardo e Michelle.
Desse grupo, apenas Felipe Martins e Mario Fernandes acabaram sendo indiciados pela PF no relatĂłrio final da trama golpista.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Ă© citado por Cid nessa ocasiĂŁo como integrante da ala "menos radical" que buscava o golpe, a que buscaria indicativos de fraude eleitoral que justificassem a virada de mesa.
Valdemar está entre os indiciados pela PF.
De acordo com a investigação, ele é suspeito de ter ingressado com questionamento do resultado eleitoral em que Bolsonaro foi derrotado por Lula mesmo ciente de que eram falsos os argumentos que usava para sugerir fraude nas urnas eletrônicas.
Fonte: NotĂcias ao Minuto
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