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Cartas achadas em esgoto ligam PCC a crimes em todos os estados


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Cartas achadas em esgoto ligam PCC a crimes em todos os estados
Novembro 11, 2023

Segundo a Justiça paulista, cartas foram escritas por sete chefões do PCC e continham mensagens sobre ações nos 26 estados e no DF

Porto Velho, RO - Cartas encontradas no esgoto na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista, ligam o Primeiro Comando da Capital (PCC) a uma série de crimes que teriam sido cometidos pela facção em todos os estados brasileiros. Nas mensagens, os criminosos tratam desde tráfico de drogas e de armas a ataques contra agentes públicos e grupos rivais.

Dezenas cartas (veja algumas delas abaixo), obtidas pelo MetrĂłpoles, sĂŁo atribuĂ­das pelo MinistĂ©rio PĂşblico de SĂŁo Paulo (MPSP) a sete chefões do PCC. Eles comandam a chamada “Sintonia dos Estados e PaĂ­ses”, cĂ©lula da facção responsável por coordenar os integrantes e as ações criminosas fora de SĂŁo Paulo, ligada Ă  “Sintonia Final”, a alta cĂşpula do grupo.



Líderes coordem ação do PCC fora de São Paulo Reprodução/MPSP


Atualmente, o MPSP calcula que o PCC Ă© formado por 100 mil integrantes no Brasil, sendo 40 mil “irmĂŁos” e 60 mil “companheiros”, os que nĂŁo sĂŁo batizados. A facção tambĂ©m opera em outros 23 paĂ­ses, incluindo Estados Unidos, Portugal e Inglaterra.

Encontrado após a instalação de telas de contenção nos dutos da rede esgoto da cadeia em março de 2017, o material serviu como base para condenar os sete chefões a mais 12 anos de prisão. A sentença foi proferida no mês passado.

Guerra entre facções

Boa parte do material foi escrita por CĂ©lio Marcelo da Silva, o Bin Laden, criminoso acusado de chefiar ao menos 14 sequestros no paĂ­s – entre eles, o da mĂŁe do ex-jogador Robinho, ocorrido novembro de 2004, e o da filha do reitor da Universidade de Alfenas, em Minas Gerais.

Em uma das cartas, Bin Laden trata do envio de pistolas e fuzis para integrantes do PCC no Ceará e em Santa Catarina. No último estado, a facção trava uma guerra com o bando rival Primeiro Grupo Catarinense (PGC) pelo domínio do Porto de Itajaí.

Também são atribuídas a Bin Laden mensagens com informações sobre a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, palco de massacres de presos em 2017. Na ocasião, o PCC assassinou brutalmente 33 rivais.

Na carta interceptada, o lĂ­der da facção paulista afirma que tambĂ©m era articulada uma “cobrança” (atentado) contra o diretor e funcionários da unidade. “Já estamos com umas pistolas lá e tamos na batida (…) Puro Ăłdio desses patifes [sic]”, diz trecho da carta.

Outra mensagem, atribuída a Rogério Araújo Taschini, o Rogerinho, autoriza o envio de R$ 3 mil para que integrantes do PCC arremessem munições dentro do Presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Naquele ano, a cadeia também registrou massacre durante confronto da facção paulista com a rival Família do Norte (FDN).

Condenados

Também foram condenados no processo os líderes do PCC Cláudio Barbará da Silva, o Barbará; Almir Rodrigues Ferreira, o Nenê do Siminone; Reginaldo do Nascimento, o Jatobá; José de Arimatéia Pereira Faria Carvalho, o Pequeno; e Cristiano Dias Gangi, o Crisão.

“Demonstrou-se que as ordens emanadas dos rĂ©us sĂŁo disseminadas nĂŁo sĂł nos limites do estado de SĂŁo Paulo, mas que avançaram para alĂ©m das fronteiras do territĂłrio paulista, alcançando todos os Estados do territĂłrio brasileiro bem como os paĂ­ses vizinhos”, diz a denĂşncia do MPSP, assinada pelo promotor Lincoln Gakiya.

Segundo o promotor, as ações do PCC tĂŞm por finalidade a obtenção de “domĂ­nio territorial”, “imposição do medo e terror” e “monopolização da estrutura criminosa” para obter vantagem financeira da facção. O resultado, segundo destaca, Ă© “a exponencial elevação dos Ă­ndices de violĂŞncia urbana, principalmente nos estados do Norte e Nordeste do paĂ­s”.

Na sentença, ao justificar a manutenção dos condenados na cadeia, o juiz Deyvison Heberth dos Reis, do Foro de Presidente Venceslau, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), apontou o grau de periculosidade do grupo.

“Mesmo estando custodiados, os muros da prisĂŁo e o rigoroso regime fechado numa unidade de segurança máxima nĂŁo foram suficientes para obstar a promoção, integração e exercĂ­cio de liderança em sofisticada organização criminosa, voltada Ă  prática de crimes graves”, afirmou.

Fonte: Metropoles



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