Coluna - Brasil encara Mundial de goalball com estreantes no comando
Coluna - Brasil encara Mundial de goalball com estreantes no comando
Dezembro 08, 2022
Equipe masculina quer o tri, enquanto a feminina mira o tÃtulo inédito
Porto Velho, RO - Como acontece a cada quatro anos, a Copa do Mundo domina o noticiário brasileiro. O mundo esportivo, porém, vai além da bola que rola no Catar. Nesta quarta-feira (7), teve inÃcio em Matosinhos (Portugal), o Campeonato Mundial de goalball. Atual bicampeã, a seleção brasileira masculina estreia nesta quinta-feira (8), à s 7h10 (horário de BrasÃlia), diante da Argélia. Mais tarde, à s 13h, a equipe feminina, que busca o primeiro tÃtulo, encara a Grã-Bretanha. As partidas da competição serão transmitidas ao vivo na página do YouTube da Kuriakos TV.
Seleção masculina pode conquistar o tri, e equipe feminina levantar a taça do Mundial pela primeira vez na edição deste ano em Matosinhos (Portugual) - Renan Cacioli/CBDV/Direitos Reservados
No torneio masculino, além de ser o atual detentor do tÃtulo, o Brasil chega credenciado pela conquista do inédito ouro paralÃmpico nos Jogos de Tóquio, no ano passado. Quatro dos seis jogadores chamados para o Mundial fizeram parte do elenco vencedor no Japão: Leomon Moreno, Josemarcio Souza (Parazinho), Romário Marques e Emerson Ernesto. Os três primeiros - além do também convocado André Dantas - foram campeões do mundo em 2018, em Malmö (Suécia), sendo que Leomon e Romário ainda levantaram a taça em Espoo (Finlândia), quatro anos antes.
"A convocação tem a ver, principalmente, com desempenho. Testamos 13 atletas diferentes durante as fases de treinamento e nove deles em duas competições diferentes [Copa Ancara, em julho, na Turquia, e Copa das Nações, na Alemanha, em outubro]. Não diria que, por coincidência, é uma equipe muito experiente", analisou o técnico Jônatas Castro, à Agência Brasil.
"O Brasil é a referência, então todos se espelham em nosso goalball e, principalmente, treinam para ganhar da gente", afirmou Jônatas Castro, técnico da seleção brasileira masculina - Renan Cacioli/CBDV/Direitos Reservados
A principal novidade do Brasil em relação a outras edições está justamente na comissão técnica. Em março, depois da conquista do Campeonato das Américas, Alessandro Tosim deixou o comando do time masculino após 13 anos e passou o bastão para Jônatas. Apesar de dois Mundiais como auxiliar de DaÃlton Nascimento na equipe feminina, será a primeira vez que o paraibano, de 39 anos, estará a frente da seleção no evento.
"É uma experiência diferente, mas a dedicação que a gente entrega é a mesma. Como técnico, aumenta um pouco a responsabilidade, o poder de decisão é maior, mas terei a colaboração da minha comissão. Ter vivenciado a competição duas vezes traz um ritmo melhor para entender o funcionamento dela. É uma comissão, predominantemente, com menos experiência no goalball internacional, mas com muita experiência em goalball. São pessoas que trabalham com a modalidade há pelo menos uma década", afirmou o treinador, que estreou na função em 2004, no Instituto dos Cegos de Campina Grande (PB), chegando, também, a atuar como árbitro.
Renovação
Curiosamente, Jônatas iniciou o ano no comando da seleção feminina, como substituto de DaÃlton. As brasileiras também levantaram a taça do Campeonato das Américas, com direito a vitória, na semifinal, sobre os Estados Unidos, algozes na ParalimpÃada de Tóquio. Auxiliar do paraibano, Gabriel Goulart assumiu a equipe das mulheres após o torneio continental e vivenciará, em Portugal, o primeiro Mundial da carreira.
"Foram dez anos no paradesporto me preparando para esse momento. Tento controlar a ansiedade com meditação e oração e passar ao grupo que nossa concentração tem de ser nos detalhes que trabalhamos, lembrando de cada oportunidade que tivemos, neste ano, de enfrentar a maioria das equipes que teremos pela frente no Mundial", disse o treinador mineiro, de 34 anos, que também esteve a frente das brasileiras na Copa Ancara (onde foram campeões) e na Copa das Nações.
Ao contrário da seleção masculina, porém, a equipe feminina que está em Matosinhos é bastante renovada, com duas remanescentes (Jéssica Gomes e Moniza Lima) do time medalhista de bronze na edição de 2018. As outras quatro atletas são estreantes na competição. Entre elas Kátia Aparecida, que esteve em Tóquio. Kátia e Jéssica, aliás, são as jogadoras que Gabriel conhece melhor, já que as dirige na Associação de Centro de Treinamento de Educação FÃsica Especial (Cetefe), de BrasÃlia, onde também é o técnico. A média de idade do grupo das mulheres é de 24,6 anos - a dos homens, para efeito de comparação, é de 27,1 anos.
"Trabalhamos a união do grupo, estarmos o máximo juntos nas fases de treinamento, não só na quadra, para conhecermos mais uns aos outros. Isso nos ajudará quando aparecerem dificuldades. Contamos, também, com a ajuda da equipe multidisciplinar. O fato de Kátia, Moniza e Jéssica participarem da última ParalimpÃada trouxe bagagem a elas. Vamos tentar sugar ao máximo e trazer para o grupo [essa experiência]", descreveu Gabriel.
Expectativa
Além do tÃtulo, as equipes masculina e feminina buscam, em Matosinhos, garantirem vaga antecipada aos Jogos de Paris (França), em 2024. Para isso, é necessário chegar à final. Em ambos os torneios, são 16 seleções divididas em dois grupos de oito. Os times jogam entre si na chave, em turno único, com os quatro melhores avançando à s quartas de final. As disputas pelas medalhas serão no próximo dia 16, uma sexta-feira.
Entre as mulheres, o Brasil está no Grupo B, com EUA, Japão (bronze em Tóquio, superando as brasileiras), Israel, Austrália, Egito, Grã-Bretanha e Portugal. No masculino, a chave da seleção verde e amarela é a C, ao lado de argelinos, japoneses, turcos, canadenses, alemães, belgas e dos portugueses. Prata e bronze na última ParalimpÃada, respectivamente, China e Lituânia estão no Grupo D.
Antes de assumir o comando técnico da seleção feminina de goalball, Gabriel Goular era auxiliar do treinador Jônatas Castro, que liderava a equipe - Renan Cacioli/CBDV/Direitos Reservados
"O Brasil chega como principal favorito [entre os homens], devido ao histórico recente. Sabemos da responsabilidade. Será a primeira competição importante com essa comissão técnica, com um novo conceito de jogo, concebido a partir de observações e da evolução do goalball internacional e não por discordância do conceito anterior. Para confirmarmos o favoritismo, tivemos de passar por esse processo de inovação. O Brasil é a referência, então todos se espelham em nosso goalball e, principalmente, treinam para ganhar da gente", projetou Jônatas.
"[A seleção feminina] Tem um elenco novo, mas com meninas que amam essa modalidade, que possuem bastante tempo de quadra e são conscientes da responsabilidade. O grupo está com muita vontade de buscar essa final, conseguir a vaga [na ParalimpÃada] e [conquistar] esse tÃtulo inédito", completou Gabriel.
* Lincoln Chaves é repórter da TV Brasil, Rádio Nacional e Agência Brasil/Lincoln Chaves - Repórter da EBC*
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