Lei que institui programa “Educação Antirracista” nas escolas do Estado é sancionada
Corpo docente das escolas será capacitado para execução do programa
O cenário do racismo em Rondônia é expressivo: foram 372 ocorrências registradas em cinco anos, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec). Oferecer conhecimento aos estudantes sobre racismo e torná-los aptos a serem agentes de mudança contra a discriminação e o preconceito racial na sociedade, faz parte do principal objetivo do programa “Educação Antirracista”.
Rosângela Hilário é uma das vozes ativas no combate ao racismo em Rondônia
“Não é só importante. É essencial! É extremamente necessário. Nos primeiros 20 anos depois da abolição, as crianças negras não podiam ir à escola. A nossa cultura foi criminalizada como: o samba, a capoeira, as religiões de matriz africana. A necessidade está exatamente em conhecer a história para compreender a realidade que o racismo provoca, não só na escola, mas em todos os lugares”, salienta.
Na execução do programa, diante dos trabalhos que serão realizados pelas escolas, serão exigidos:
- Estudo da história e cultura africanas, com destaque para o papel da população negra na construção da sociedade brasileira;
- Educação contra a naturalização do uso de expressões racistas;
- Prevenção a comportamentos racistas;
- Desenvolvimento de uma educação contra a naturalização do racismo e de combate à discriminação racial para as pessoas a sua volta;
- Aulas, atividades em sala de aula, discussões e seminários que visem combater situações racistas, quando forem vítimas e quando forem testemunhas do ocorrido.
INJÚRIA RACIAL X RACISMO
Injúria racial é a ofensa feita por alguém a outra pessoa, utilizando nela elementos referentes a raça, cor, etnia, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Já o racismo, é a ofensa contra uma coletividade, não há especificação do ofendido. Para o advogado e mestre em direito, Cláudio Ramos, o ambiente escolar é o local ideal para formar o indivíduo no combate ao racismo e outros preconceitos.
“O começo de boa parte da sociedade encontra-se nos bancos escolares e, portanto, as bagagens sociais, culturais e familiares são trazidas e moldadas, sendo uma porta de entrada para muitas das vezes à prática dos crimes em questão. Mas é no seio escolar também, que a conscientização de crianças, jovens, adultos, estudantes e profissionais podem combater o racismo de forma efetiva”, afirma.
O programa capacitará os estudantes com aulas, atividades em sala de aula, discussões, seminários e colóquios a fim de combater situações racistas, quando forem vítimas e quando forem testemunhas do ocorrido. Os profissionais das escolas também vão receber capacitação adequada para o desenvolvimento e a execução da “Educação Antirracista”.
“O racismo só se desconstrói a partir da educação e a educação antirracista não é só falar de racismo. É muito maior que isso. É formar professores para discutir o assunto na prática”, finaliza Rosângela.
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