Bolsonaro nega interferência e diz que 'ainda' teve ideologia no Enem
Bolsonaro nega interferência e diz que 'ainda' teve ideologia no Enem
Primeiro dia de provas aconteceu neste domingo (21), e participantes tiveram de responder a 90 questões e fazer a redação. Bolsonaro não especificou questão com 'ideologia'.
Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro negou nesta segunda-feira (22) ter interferido na elaboração da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acrescentando que "ainda" teve "questão de ideologia" e que, se ele e o ministro Milton Ribeiro (Educação) pudessem interferir, isso não teria acontecido.
Bolsonaro deu as declarações durante conversa com apoiadores na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada. O presidente não especificou qual seria essa "questão de ideologia" na prova.
"Estão acusando aí o ministro Milton [Ribeiro, da Educação] de ter interferido na elaboração das provas. Olha, se ele tivesse essa capacidade e eu, não teria nenhuma questão de ideologia neste Enem agora, que teve ainda", declarou Bolsonaro.
"Você é obrigado a aproveitar banco de dados de anos anteriores, você é obrigado a aproveitar isso aí. Agora, dá para mudar? Já está mudando. Vocês não viram mais a linguagem de tal tipo de gente, com tal perfil. Não existe isso aí", acrescentou o presidente.
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No início deste mês, 37 funcionários pediram demissão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão que elabora o Enem. Uma semana depois, Bolsonaro afirmou que as questões "começam agora a ter a cara do governo".
Parlamentares de oposição, então, acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo a apuração de suposta interferência no Inep, o que o governo tem negado.
No fim de semana, o ministro Walton Alencar Rodrigues, do TCU, propôs em despacho que o plenário do tribunal analise se as questões do Enem atendem a critérios técnicos.
Político conservador e defensor da ditadura militar (1985-1964), Bolsonaro critica questões Enem com temas que ele e seus apoiadores consideram ligados à ideologia de esquerda.
Servidores do Inep afirmam que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Enem de 2021 para que evitassem escolher questões polêmicas que eventualmente incomodassem o governo Bolsonaro.
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